Pra mim: Uma normalidade musical - Tendência.
Pra elas: Um sonho, uma realização, um querer tanto, o fanatismo.
Quando Luan Santana perguntou, já no começo do show, ontem em São Paulo: “ Quem tá feliz levanta a mão?" Pelo menos umas 5 mil pessoas se manifestaram com entusiasmo de um Coliseu recepcionando um gladiador vitorioso, eu achei que era um bom momento para refletir: “O que aquelas pessoas todas estavam fazendo lá?” Domingo a tarde, dia de ficar em casa, assistindo o jogo e curtindo o #sweethome.
A primeira resposta é fácil. Todos me pareciam muito felizes, inclusive eu, estava mesmo muito feliz. Estava participando, junto com milhares de fãs, de uma experiência única: a oportunidade de poder contar, para toda a eternidade, que presenciaram um show do cantor de maior sucesso da atualidade.
Mas isso é o que diria qualquer uma das garotas que estava usando aquela camiseta preta com escritas vermelhas – que serviu inclusive como um quase “passe livre” para que elas pudessem ter acesso ao camarim do cantor. Pois é, fiquei impressionada com a receptividade dele, atendeu aproximadamente 200 pessoas, com o mesmo sorriso da primeira até a última. Elas responderiam o mesmo, explodindo felicidade.
O que estava acontecendo ali era algo bem mais complexo que apenas felicidades: Era uma comunhão entre uma legião de seguidores e seu ídolo máximo – numa troca praticamente inexplicável e sem regras, um intercâmbio velado e honesto, de respeito mútuo e provavelmente infinito. Um pacto espontâneo de fidelidade, que deixa perplexo quem não faz parte dessa relação - eu por exemplo. Fiquei e Estou.
Onde eu me encaixo nisso? Bem, dizer que eu sou fã de Luan Santana seria esticar a definição do que é um fã (aliás, um dia ainda vou usar esse espaço para explicar exatamente porque eu tenho dificuldade em ser fã)Durante meses, meu contato com o cantor foi menos que periférico. Deixei o trabalho do cantor fora da amplitude do meu radar musical durante os meses anteriores, e vim inevitavelmente encontrá-lo agora, após ganhar um CD, presente de uma amiga muito especial. Fui pega de surpresa. Confesso.
Como eu – justo eu, que gosto de ter os ouvidos bem abertos – deixei escapar a metamorfose de Luan Santana? Descontando algumas músicas chatinhas demais (“pecados menores” de qualquer bom artista), fui praticamente obrigada a perceber que ele tinha se transformado numa usina de canções sertanejas incrivelmente poderosas.
Antes de alguém jogar a primeira pedra, porém, quero deixar claro, mais uma vez, que eu não tenho nenhum tipo de preconceito musical. Ou, melhor , já que estamos falando em preconceito, teste o seu: experimente cantar o refrão de “Meteoro da Paixão”, do próprio Luan Santana, " Te dei o Sol, Te dei o Mar pra ganhar seu coração.." Cantarolou baixinho na sua cabeça? Será que você teria menos obstáculos para gostar dele se essa música viesse cantada em inglês, por uma cantorazinha loirinha com sobrenome de uma cadeia internacional de hotéis? Bem, vamos continuar…
Não quero usar este espaço hoje para falar dos méritos musicais do Luan Santana – Se você não gosta dele, vou falar ao vento. E se você é fã, nem precisa ouvir (mais uma vez) elogios. Só dei essa explicação para chegar então ao tal show, onde presenciei um dos mais emocionantes encontros entre ídolo e seus admiradores.
Quando escrevi lá em cima que tenho dificuldade em ser fã, não estava sendo esnobe com ninguém. Nesses 20 anos, várias foram as vezes em que presenciei o poder de um artista no palco. Por exemplo, quando o Lenny Krevitz se apresentou no Brasil – eu ali nas coxias daquele palco imenso, quase não acreditando no que estava vendo. Quando eu subi no palco do ultimo show da dupla Sandy e Junior, lá no mesmo Credicard Hall, quase não consegui acreditar que estava mesmo sendo eu. E mesmo recentemente, quando encarei um show do Jason Mraz senti toda a força que só o palco é capaz de provocar.
Dei exemplos variados, de artistas que gosto em diferentes escalas, só para reforçar que o que eu estava observando ali no show de ontem, não tinha nada a ver com a intensidade da minha admiração por ele. O que era bom de ver era o transe que tinha contagiado aquela multidão por quase duas horas – um transe do qual eu não fazia parte (afinal de contas, eu estava lá mais por querer da minha amiga que me fez ganhar os ingressos), mas que eu podia perfeitamente entender, e até me divertir com ele.
E se eu sentia isso, imagine o objeto de tanta adoração – o próprio Luan. Como, aliás, ele contou nao camarim, mais de uma vez ele ficou tão emocionado que era dificil se concentrar na apresentação. Os fãs, claro, não faziam isso de propósito, para “desvirtuar” a performance dele. Mas é que eles não poderiam reagir de outra maneira. Vou chutar a estatística, mas pelo que vi lá, 80% daquele público de fato nunca ouviria Sertanejo se o mesmo não fosse cantado por um quase galã de novela das oito – a enorme maioria da platéia tinha a mesma faixa etária dele /19 anos máximo. Mas o que importa o ritmo ou a idade?
O que contava para eles naquela noite era a verdade de uma longa relação apaixonada. E eu espero, de coração, que você saiba bem o que é isso, pois passar por essa vida sem ter tido um ídolo é deixar de aproveitar a fascinação que uma música, um filme – enfim, uma performance – pode exercer sobre você. Essa sim, é a vida besta…
E eu posso dizer que estou completamente apaixonada pela pessoa que tive a oportunidade de conhecer ontem, e é bem o que chamo de profissionalismo, e mais ainda, de realmente gostar do que faz. O Carinho, a gratidão, o cuidado, a atenção sem igual, tudo. Foram Detalhes que reparei e pude trazer comigo somente elogios, desde o hall de entrada até a saída do Camarim, T-U-D-O muito bem feito e produzido.
Agora, é só esperar até nosso próximo encontro, e espero que seja breve!
Boa Noite =)
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