O Príncipe e o Vagabundo.

“Ela é determinada, expressiva. Merece alguém do bem”... Palavras essas ditas por um desconhecido, me descrevendo para alguém que nunca soube o que de fato eu sou.

Talvez, a surpresa tenha sido maior por vir da boca de alguém que conversou comigo 5 minutos, e soube me descrever melhor do que eu mesma descreveria.  Se eu dissesse exatamente o que pensei, soltaria um: “CONCORDO”, por que eu realmente queria concordar, eu sou tudo isso e muito mais, e mereço alguém assim, sem membros grandes ou pequenos, afinal, isso se tornou mero detalhe. Parados ali, estacionados mesmo, o assunto já não flui como antes, ou será que nunca fluiu e eu me ocupei demais com estranhices que se quer percebi que nunca conseguimos manter uma conversa? – Não sei, de verdade.

Eu tento, juro que tento, ser o mais natural, normal possível, mas tem hora que fujo de mim, me perco, e acabo sendo qualquer coisa sem pé nem cabeça, e isso para os olhos de quem vê e escuta, deve ser um martírio.

O fato é que não me acostumei com a não verdade, ainda me soa complicado esse esconder todo. Eu queria ter uma amizade sólida e legal, rir de tudo, falar besteira, e ficar assim, só bebendo, só falando, só sendo feliz. Mas parece que isso é impossível quando se trata dele, parece que quanto mais me aproximo, mais longe eu estou de realmente ter algum tipo de relação afetiva com ele.

Falo coisas, faço, e refaço quando quero. Só falo o que sinto, não vou rir se não estou com vontade e nem ser simpática com quem eu não conheço, e não adianta, não seria por amor. Porém, eu sou educada, educação essa que consome todos os dias. Falo com as pessoas por que gosto de conversar, acho inadmissível o destrato, a falta de educação, e pior do que isso é falta de coração, de humanidade. Sou contra a exclusão social, e ontem me vi mais a frente disso. Conversei mesmo, dei moral mesmo, não é por ele ser um morador de rua que o faz pior, ou melhor, do que eu, só posso dizer que aproveitei melhor as oportunidades que a vida me deu, mas isso, não é motivo para tratá-lo como animal. Acho sinceridade à melhor coisa do mundo, e poucas pessoas a usam, bem a fundo, e às vezes um olhar é mais sincero do que todos os dizeres possíveis, e ontem o pobre-morador-de-rua me comoveu ao dizer que se arrependia de tudo que fez, e de tudo que deixou passar, e isso mudou minha noite, minha semana, minha vida. Ao me olhar e dizer que eu não devia deixar passar, pra não ser assim como ele. Confesso que meu coração partiu, fiquei muda por segundos, e concordei.

Passei o dia pensando nisso: “NÃO DEIXAR PASSAR”, é só isso.  Viver todos os momentos, pra bom ou pra ruim, ousar, acreditar, encarar. Independente se não tivemos uma boa conversa, se ele mudaria os conceitos sobre mim, se seria ele mesmo, ou se eu estava sendo idiota, não posso me arrepender, eu vivi o momento, e fiquei feliz. Foi muito pouco, comparado ao que tenho costume, foi nada perto do que eu sonho todos os dias, mas FOI algo, mais uma oportunidade de conhecimento, mais uma oportunidade de re-conhecimento, oportunidades essas que são essenciais para construir qualquer tipo de relacionamento sólido.

Fiquei pensando em uma frase que ele soltou, sem ao menos perceber, mas que fez diferença pra mim; “A gente sempre gosta de quem não gosta tanto da gente” – Sei que pareço bitolada na maioria das vezes, mas, convenhamos, foi uma quase indireta, para: “Você gosta muito de mim, mas eu não gosto o mesmo tanto de você” e eu fiquei feliz com essa interpretação, pois é, e eu estou sã hoje, mais do que eu estava ontem.

Fui feliz por esse comentário, sabe por quê? Ele sem querer dizer, disse, e pela primeira vez em todos esses anos eu senti sinceridade ali, e mais do que isso, percebi que ele gosta de mim, não o mesmo tanto, nem da mesma forma que eu, porém, ele gosta, e isso é bom, pois todo mundo começa em um mero gostar, não é?

E eu gosto mesmo é desse gostinho de “quero mais” que fica no outro dia, não me importo se ele teve pesadelo, ou se odiou ter minha companhia. O que realmente me importa é o que eu senti, e sinto, todas as vezes que estamos perto e sorrimos, e rimos, e sorrimos de novo, a melhor parte é o não precisar falar, é só sentir, isso me completa, me motiva, me aguça os sentidos, e por isso escrevo, pra não falar, e me atrapalhar.

Já já termino esse texto....

Um comentário:

  1. ' Seu blog é perfeito, me encantei com esse post aqui, você tem o dom com as palavras, elas pareçem flutuarem quando se diz respeito a seus sentimentos. Não costumo seguir a todos não, mas tá ae, estou te seguindo, se puder.. me segue também! Beijos :*

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